terça-feira, 11 de maio de 2010
Giselle Cossard Binon - Omindarewa -
Giselle Cossard Binon - Omindarewa, Iyalorixá do Candomblé do Rio de Janeiro. Também conhecida por Mãe Giselle de Iemanjá. Filha de santo de Joãozinho da Goméia, iniciada para o Orixa Iemanja, antropóloga e escritora, Franco-brasileira.
Gisele Cossard nasceu em 1923 em Tanger, no Marrocos, onde seu pai atuava como militar. Sua família a criou na fé católica, sendo que eram de classe média alta, republicanos e cultos. Seu pai era professor primário e a mãe, professora de música e pianista do Conservatório de Paris.
Tendo sido enviado para aquela ponta extrema da África, que era na época um protetorado francês, durante a Primeira Guerra Mundial (1914- 1918), seu pai acabou fascinado pelo país e permaneceu por lá até 1925 - quando retornou à França com a mulher e a filha. Gisele diz não guardar lembranças daquele período, mas, segundo o pesquisador Michel Dion, autor da biografia Omindarewá - Uma Francesa no Candomblé (Editora Pallas), a suntuosa coleção de objetos de arte que seus pais trouxeram daquele país africano, bem como suas histórias fantásticas, constituíram para ela "uma interminável fonte de deslumbramento".
Em 1939, com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, seu pai foi preso e deportado para a Alemanha, quando Gisele e demais familiares tiveram de abandonar a casa para fugir do exército de Hitler. Gisele entrou para a resistência francesa, onde atuou como espiã: com sua bicicleta, atravessava as linhas do front ao sul de Paris e fornecia aos militares franceses informações sobre as posições alemãs. Ela se lembra de ter passado muita fome nesse período. No fim da guerra, em 1945, pesava apenas 42 quilos. Foi nesse ano que seu pai voltou da prisão, a família restabeleceu-se e ela casou-se com Jean Binon. Em 1949, Gisele partiu com o marido para uma estadia de oito anos pela África. Percorreu o interior da República dos Camarões e descobriu uma iguaria impensável: peixe defumado no azeite de dendê. Na travessia de um rio, viu africanos atirando moedas na água em sinal de oferenda e achou tudo muito exótico.
Em 1956 retornaram à França onde, porém, permaneceram por pouco tempo, já que o marido foi nomeado para a Embaixada da França no Brasil, cuja capital ainda era o Rio de Janeiro. Gisele comemorou, pois sempre sentira uma atração muito forte pelo Brasil e pela cultura brasileira.
Assim que chegou, aprendeu rapidamente o português e fez vários amigos. Começou a ler Jorge Amado e passou a compreender a permanência da África no Brasil, os vários vínculos que nos uniam àquele continente. Sentiu, com muita força, a presença dos orixás no Brasil.Quanto mais se inseria na vida brasileira, mais sentia nela a presença africana. "As cestas trazidas da feira em cima da cabeça; a música que está sempre presente em todos os lugares, nas ruas, nas lojas, na praia, ritmada por tambores (…). E também porque todo mundo está sempre dançando"[3]
Como ela, seus filhos se adaptaram rapidamente ao Rio de Janeiro, fizeram muitos amigos e passaram até a jogar futebol na rua. Estranhamente, seu marido sentia uma aversão muito grande pelo Brasil, pelos brasileiros e pela cultura afro-brasileira; esta dicotomia não tardou em gerar problemas ao seu casamento.
Foi em 5 de dezembro de 1959, na casa de Joãozinho da Goméia, que Gisele "bolou no Santo", ou seja, recebeu pela primeira vez a orixá. Houve um período inicial de hesitação, logo superado porém e, após 21 dias de recolhimento Giselle Cossard Binon se tornou Omindarewá, que quer dizer "água límpida".
Em 1963, já iniciada, separou-se do marido e partiu para a França para defender uma tese sobre candomblé na Sorbonne. Lá conheceu Pierre Verger, de quem se tornou amiga.
Tendo se tornado professora universitária, tentou levar uma "vida normal" na França mas, em 1972, não suportando a saudade de sua "pátria do coração", o lugar onde criou os filhos e onde se tornou Mãe de Santo, voltou ao Brasi e foi trabalhar como conselheira pedagógica no Serviço Cultural Francês.
Giselle explica esta saudade como sendo uma nostalgia profunda, quase uma dor física, que maltrata a alma e oprime os sentidos, e que os escravos denominavam banzo.[4]
No dia de dezembro de 1973, Gisele sofreu um grave acidente de carro. Dada a gravidade de seu estado, acabou desenganada pelos médicos e sendo levada por Pierre Verger à casa de Balbino Daniel de Paula - Balbino de Xangô - Obaraim, iniciado no Opô Afonjá, terreiro de Joãozinho da Goméia - que se propôs então a ajudá-la.
É ela mesma quem conta:"Onze dias depois do acidente, era o meu aniversário de iniciação e ele fez questão de preparar as oferendas para Iemanjá. Mesmo estando eu gravemente acidentada, sem poder me mexer, sem poder andar, meu orixá veio, dançou em meu corpo e Balbino encantou-se com ele. Nossa ligação se estreitou e ele acabou sendo meu segundo babalorixá"
Sua casa Ile Axé Atara Magba está localizada em Santa Cruz da Serra, na cidade do Rio de Janeiro e mãe Gisele conta com mais de 400 filhos de Santo. Até hoje, com mais de 80 anos de idade, está à frente do ile axé, tornando a cada dia a religião dos orixas uma das mais respeitadas e importantes no cultivo das tradições Africanas no Brasil.
"Em 30 anos, a mãe-de-santo viu sua pátria adotiva se transformar. Depois de sofrer dois assaltos à mão armada no terreiro - em um dos quais seu filho Claude, que estava de visita, levou uma coronhada e teve o tímpano perfurado - , concluiu que a violência é hoje o grande demônio brasileiro. "Eu vi tudo piorar", diz ela. "Era tão bonito antes, tão agradável…" E o futuro, infelizmente, não está nos búzios de Omindarewá."
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como se chega até seu barracão? Eu e meu marido a admiramos demais e játentamos entrar em contato e até encontrar o local mas infelizmente ñ consiguimos chegar se possível adorariamos ter o endereço para visitarmos seu barracão,desde já agradecemos.nosso emais é dm.infinito@gmail.com
ResponderExcluirO TERREIRO DO OPÔ AFONJÁ NÃO PERTENCIA AO BABALORIXÁ JOÃOZINHO DA GOMÉIA E SIM À IYALORIXÁ MÃE SENHORA (NESSE MESMO PERÍODO). JOÃOZINHO DA GOMÉIA ERA CHEFE E DONO DO TERREIRO DA GOMÉIA NO RIO DE JANEIRO. SERIA BOM VOCES RFETIFICAREM ESSE ERRO QUE MUDA TODA REAL HISTÓRIA.
ResponderExcluirBABALORIXÁ OJÚ OYÁ. (CARUARU-PE)